Chamada


Para o Vigésimo Nono Congresso de Estudantes de pós-graduação do Programa de Latin American, Iberian, and Latino Cultures do Graduate Center, The City University of New York, o comitê organizador convida pesquisadores em estudos culturais, história intelectual, linguistas, historiadores da arte e disciplinas relacionadas a apresentar trabalhos que examinem e analisem culturas de extermínio em produções culturais na América Latina, Caribe e Península Ibérica. O congresso ocorrerá na cidade de Nova Iorque nos dias 10 e 11 de abril de 2025. As inscrições podem ser feitas através do seguinte formulário.

Desde sua aparição no panorama europeu, a história das Américas foi marcada por uma série de projetos transoceânicos que propiciaram a erradicação de ideias, línguas, etnias e populações em quase todo o mundo. O extermínio das populações nativas e a devastação da paisagem provocada pelo extrativismo e pela escravidão desde o século XVI, a erradicação acelerada de línguas e práticas culturais originárias durante a formação dos Estados Nacionais no século XIX, e o exercício da violência estatal contra grupos dissidentes e marginalizados nos séculos XX e XXI são alguns dos episódios que moldaram o mapa cultural da Ibero-América e do Caribe.

Entendemos por culturas de extermínio todo esforço sistemático por parte de instituições, governos, políticas, aparelhos do Estado e outros dispositivos disciplinares para destruir populações outroficadas dentro de regimes discursivos. Desde Frei Bartolomeu de las Casas com sua inaugural Brevísima relación de la destrucción de las Indias (1552), a história dessas geografias e suas representações têm sido marcadas pelo exercício da repressão, aniquilação e práticas de sobrevivência por parte das comunidades e populações. Este congresso busca interpelar os estudos sobre tais momentos conjunturais de nossa história, como a Campanha do Deserto na Argentina, a Guerra de Canudos no Brasil, o extermínio da União Patriótica na Colômbia durante o auge paramilitar, entre muitos outros eventos trágicos que povoam a história regional.

Do mesmo modo, consideramos também relevante destacar as práticas de sobrevivência frente às tecnologias de extermínio. Este conceito, ao contrário da resiliência neoliberal, refere-se a uma atitude criativa e de ação micropolítica não-passiva para se adaptar às condições impostas pelos aparelhos de controle sobre a vida; tanto humana quanto não-humana. Trata-se de um ato de aparecimento, um gesto de se fazer visível frente aos apagamentos que acompanham as políticas e técnicas de supressão de formas de vida discordantes com as lógicas disciplinares. A sobrevivência é um desafio frente à  imposição de um horizonte monocultural e da submissão dos corpos vivos a uma determinada forma de habitar o mundo.

Para o XXIX Congresso de Estudantes de Pos-Graduação, queremos convidar apresentações que abordem essas questões e que interpelem alguns dos seguintes eixos temáticos:

  • Processos de racialização, divisão do trabalho e a luta pela sobrevivência.
  • Relatos de extermínio: testemunhos de sobrevivência em contextos de repressão.
  • Repressão em discursos latino-americanos.
  • Reações culturais, artísticas e intelectuais frente aos conflitos bélicos.
  • Formas de sobrevivência coletivas e populares.
  • Sobrevivência de minorias sexuais: o patriarcado como regime de extermínio.
  • Ecocídio como genocídio: negroceno, capitaloceno, chuthuluceno e as humanidades ambientais frente à destruição climática.
  • Estandarização, língua e política nos esforços de instituições para extinguir línguas e dialetos.
  • A fronteira México-EUA: o trânsito entre a aniquilação e a sobrevivência.
  • Futuros especulativos: ficção científica, pós-humanismo e o fim/reinício do mundo.
  • Repressão e sobrevivência nas produções coloniais e peninsulares (séculos XVI-XVIII).
  • Representações de genocídios na América Latina.
  • Civilização e barbárie: o projeto civilizatório europeu como etnocídio na consolidação dos estados-nação latino-americanos, séculos XIX e XX.
  • Necropolítica e biopolítica.